Competição:Museu Guggenheim Helsinki
Premio:
Projeto:
Autores:SIAA (Shundi Iwamizu Arquitetos Associados), César Shundi Iwamizu e Eduardo Pereira Gurian, Bruno Valdetaro Salvador, Alessandra Figueiredo, Andrei Barbosa, Carlos Augusto Gomide Arruda, Daniel Nobre, Fernanda Britto, Henrique Costa, Leonardo Nakaoka Nakandakari, Rafael Carvalho, Renata Sério e Gustavo Cavalcante, Helsinki, Finlândia, 2014
Apresentamos a seguir a proposta do escritório paulistano SIAA para o concurso Museu Guggenheim Helsinki, o maior concurso de arquitetura da história, com 1.715 projetos inscritos. Veja a seguir algumas imagens e a descrição da proposta pelos autores.
A relação entre homem e a água foi o ponto de partida que fundou várias comunidades, centros urbanos e, em uma análise mais ampla, nossa própria civilização. Este projeto para o Guggenheim Helsinki, ao avaliar o terreno que lhe foi destinado, nasce da intenção de potencializar a relação dos moradores da capital finlandesa com o mar Báltico.
A construção do novo museu insere-se no contexto da transformação em curso da zona portuária de Helsinki. Como um mediador do tecido urbano com o mar, o edifício surge como um catalizador, um nó, um núcleo de atração a reorganizar a orla.
A compacidade orienta o desenho de implantação de modo a criar duas praças de acesso ao Guggenheim: a primeira frente ao Market Hall, a se inserir numa rede de espaços públicos com o Market Square, Esplanadi Park e o Senate Park; e a segunda praça opera como uma extensão ao mar para os frequentadores do Tähtitorninvuori Park.
Em corte, o edifício é composto pela sobreposição de três partes.
Mesclado à topografia, o embasamento cria superfícies que costuram as diferentes cotas do tecido urbano. No interior dessa base, estão o conference hall, offices, collections storage and management, rooms for maintenance and operations, and the new terminal. Abrigando a multiplicidade de programas que um museu contemporâneo deve dispor a seu público, este embasamento construído assemelha-se a uma rocha natural que aflora da antiga orla portuária.
A parte intermediária é o espaço de acesso e acolhimento dos visitantes. Projetado sobre o embasamento e em virtude da permeabilidade e transparência dos fechamentos que delimitam o interior, esse espaço de recepção é uma superfície contínua ao passeio público. Em seu núcleo está o multi-purpose zone, um grande vazio no interior do edifício que conecta espacialmente as três partes do novo Guggenheim, além de banhar com luz natural a área mais ao centro deste térreo topológico.
Opacas caixas suspensas dispostas lado a lado com afastamentos e deslocamentos que geram percursos e frestas de luz. Esta é a descrição da parte superior destinada ao programa fundamental de um museu: as galerias expositivas. São dez cubos para mostras temporárias e exibições do acervo da coleção Guggenheim. Entre essas “caixas-galerias”, corredores constituem uma espécie de cidadela interna com uma grande diversidade de percursos possíveis. Propõe-se uma promenade que mescla a introspecção das áreas expositivas, própria à relação direta e de concentração entre observador e obra de arte, com a apreensão visual da paisagem urbana e natural circundante a partir dos eixos dos corredores. Criando situações inesperadas para o visitante, dois desses cubos são exceções por serem abertos, isto é, jardins para exposições ao ar livre: mantendo o recolhimento das demais galerias expositivas ao se relacionar, visualmente, somente com o céu. Desse modo, todo o conjunto das “caixas-galerias” operam numa dialética entre a independência e a continuidade das partes.
A forma externa reflete essa composição espacial interna. Por meio de uma lógica simples de fragmentação expositiva, cria-se um ícone que impulsiona a revitalização da orla da capital finlandesa. Compreendendo e reforçando a horizontalidade própria ao skyline de Helsinki, o novo Guggenheim contém a força arquitetural para ser um novo símbolo da Finlândia para o mundo.